O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) é uma das principais ferramentas de proteção para os agricultores brasileiros. Recentemente, o Conselho Monetário Nacional (CMN) implementou uma série de mudanças significativas no Proagro, que visam otimizar a alocação de recursos e aumentar a eficiência do programa. Neste blog, vamos explorar o que essas mudanças significam para o setor agropecuário e como elas podem impactar agricultores de diferentes regiões e culturas.


O Que é o Proagro e Qual Sua Importância?

O Proagro foi criado com o objetivo de oferecer uma proteção financeira aos agricultores que enfrentam adversidades climáticas ou outros fatores que prejudiquem a produção agrícola. Este programa permite que os produtores rurais obtenham financiamento para suas atividades com a segurança de que, em caso de perdas, estarão cobertos. A importância do Proagro é incontestável, principalmente em um país como o Brasil, onde a agricultura é fundamental para a economia e está sujeita a riscos constantes.

O Papel do Conselho Monetário Nacional (CMN) no Proagro

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é responsável por estabelecer as diretrizes gerais para o funcionamento do Proagro, incluindo a definição das alíquotas e das regras para a utilização dos recursos. Com o objetivo de garantir a sustentabilidade do programa, o CMN realiza periodicamente ajustes que buscam equilibrar as necessidades dos agricultores com a disponibilidade de recursos públicos.


Principais Mudanças Introduzidas pela Resolução CMN nº 5147

Uma das principais alterações recentes no Proagro foi estabelecida pela Resolução CMN nº 5147. Esta resolução trouxe mudanças significativas nas regras de cálculo das alíquotas do prêmio pago pelo produtor. Abaixo, vamos detalhar essas mudanças e suas implicações:

1. Mudança nas Alíquotas por Cultura e Município

O CMN agora estabelece alíquotas diferenciadas para cada cultura e município, considerando os riscos específicos de cada região e tipo de produção. Isso significa que culturas mais suscetíveis a perdas, ou regiões com maior incidência de eventos climáticos adversos, terão alíquotas mais elevadas.

2. Regras para Cálculo do Prêmio

As novas regras também modificam a forma como o prêmio do Proagro é calculado. A partir de agora, o valor do prêmio será ajustado de acordo com o risco de cada operação, visando garantir que os recursos do programa sejam utilizados de forma mais eficiente.

3. Limitação do Valor de Cobertura

Outra mudança importante foi a limitação do valor de cobertura do Proagro, o que pode impactar agricultores com produções de maior valor agregado. Essa limitação visa evitar o comprometimento excessivo dos recursos públicos, mantendo o programa sustentável a longo prazo.


Impacto Econômico das Mudanças: Economia de R$ 2,935 Bilhões

Uma das justificativas centrais para as mudanças implementadas pelo CMN é a economia de recursos. Estima-se que as novas regras possam gerar uma economia de R$ 2,935 bilhões. Isso será alcançado principalmente através da redução de despesas com indenizações em regiões e culturas de alto risco.

No entanto, essa economia traz consigo desafios significativos para os agricultores, especialmente aqueles que operam em áreas mais vulneráveis. A nova estrutura de alíquotas pode aumentar o custo do Proagro para esses produtores, forçando-os a rever suas estratégias de produção ou buscar alternativas de financiamento.


Críticas e Preocupações do Setor Agrícola

As mudanças no Proagro geraram uma série de debates e preocupações dentro do setor agrícola. Entidades representativas dos agricultores têm manifestado preocupação com o aumento das alíquotas e a limitação do valor de cobertura. Entre as principais críticas, destacam-se:

  • Aumento dos Custos para os Produtores: Produtores em regiões de maior risco podem ver um aumento significativo no custo do Proagro, o que pode inviabilizar a continuidade de suas atividades.
  • Desigualdade Regional: A diferenciação das alíquotas por cultura e município pode acentuar as desigualdades regionais, favorecendo produtores em áreas de menor risco e penalizando aqueles em regiões mais suscetíveis a perdas.
  • Risco de Abandono do Programa: Com o aumento dos custos e a limitação da cobertura, há o risco de que alguns produtores optem por não aderir ao Proagro, buscando alternativas menos seguras.

Impacto das Mudanças por Cultura e Região

As novas regras do Proagro têm impactos diferentes dependendo da cultura agrícola e da região em que o produtor está localizado. Por exemplo, culturas como o milho e a soja, que são amplamente cultivadas em todo o país, podem ter variações significativas nas alíquotas dependendo da região.

Além disso, regiões como o Nordeste, que enfrentam desafios climáticos mais severos, podem ver um aumento nas alíquotas, enquanto regiões do Sul, com clima mais estável, podem ter uma redução no custo do Proagro.

Como os Agricultores Podem se Adaptar às Novas Regras?

Diante das mudanças impostas pelo CMN, os agricultores terão que se adaptar para continuar protegendo suas atividades. Algumas estratégias que podem ser adotadas incluem:

  • Diversificação de Culturas: Diversificar as culturas pode ajudar a mitigar o impacto das alíquotas mais elevadas, reduzindo o risco associado a uma única produção.
  • Uso de Tecnologias de Previsão Climática: Investir em tecnologias que permitam prever e mitigar os efeitos climáticos pode ser uma forma de reduzir o risco e, consequentemente, o custo do Proagro.
  • Negociação de Alíquotas Coletivas: Agricultores podem se organizar em cooperativas ou associações para negociar alíquotas coletivas, o que pode reduzir o custo individual do Proagro.

Considerações Finais

As mudanças implementadas pelo CMN no Proagro representam um desafio significativo para o setor agrícola, mas também trazem oportunidades para aprimorar a gestão de riscos. É essencial que os agricultores compreendam as novas regras e adaptem suas estratégias para garantir a continuidade de suas atividades de forma sustentável e segura.


Fontes Consultadas

  1. Resolução CMN nº 5147
  2. Nota do Banco Central
  3. Debate na Câmara dos Deputados
  4. Artigo do Canal Rural
  5. Correio do Povo
  6. Estadão Agro
  7. Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)

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